Distinguir os fritos de Natal é um desafio, pois visualmente podem ser bastante parecidos – pequenos pastéis fritos cobertos com açúcar e canela –  e os nomes podem variar muito de Norte a Sul do país. As subtilezas da massa e dos recheios fazem a diferença.

Sonhos e filhós

Sonhos e filhós [sabia que o plural de filhó é “filhós” e não “filhoses”?] são dos fritos de Natal que mais vezes são confundidos.

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Há sonhos e filhós simples e de abóbora, mas também variantes regionais de gila, cenoura, banana, castanhas ou até arroz (receita tradicional de Alpiarça), sempre polvilhados com açúcar e canela

A diferença principal entre os dois está na massa. Tradicionalmente, a dos sonhos é mais leve e fofa a das filhós mais compacta e consistente, embora dependendo da região, algumas pessoas chamem filhós aos sonhos e vice-versa.

A tradicional filhó é uma combinação de farinha de trigo, fermento, ovos e azeite, que é deixada a levedar duas horas e depois frita em óleo ou azeite bem quente. Veja a receita.

Existem inúmeras variedades de filhós. Dê uma olhadela nas nossas receitas de filhós tendidas e filhós judias.

A receita tradicional dos sonhos leva menos farinha de trigo e menos ovos, não tem fermento e leva manteiga. Depois de feita a massa os sonhos são fritos na hora. Devem ficar leves e ocos. No fim, podem polvilhar-se com açúcar e canela, embora nalgumas variantes se cubram com uma calda de açúcar ou de vinho do Porto. Veja a receita.

Outra alternativa são os fritos de maçã, em que a massa fica leve e crocante graças às claras batidas em castelo e o recheio é um delicioso polme de maçã feito de gema de ovo e açúcar.

Azevias

As azevias são outro doce tradicional de Natal. Neste caso, o recheio é feito de grão, abóbora ou batata-doce. O final da preparação é igual ao dos sonhos e filhós: fritura em óleo bem quente, açúcar e canela por cima e voilá. Saiba como fazer azevias de abóbora.

Bilharacos

Muitas vezes confundidos com sonhos e filhós são os bilharacos, também chamados de fofos de abóbora-menina. Neste caso, a massa é feita com polme de abóbora, gemas, açúcar, farinha maizena, vinho do Porto, canela e claras em castelo. Depois os pastéis são fritos em óleo ou azeite bem quente.

Coscorões

Os coscorões são fritos muito estaladiços e sem recheio. São feitos à base de farinha de trigo, ovos, sumo de laranja, azeite e manteiga. Depois de estendida com um rolo, a massa é cortada em rectângulos muito fininhos e frita em azeite. Mais uma vez, também este frito é no final polvilhado com açúcar e canela.

Borrachos

No Minho fazem-se ainda os borrachos ou bufas, fritos elaborados com massa de pão ralado, ovos, açúcar e canela, servidos mornos dentro de uma calda de açúcar e vinho verde branco, pau de canela e casca de limão.

Rabanadas

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As rabanadas, também chamadas de fatias douradas ou simplesmente ‘fritas’, são uma das invenções mais geniais para reanimar o pão seco

O segredo é passar as fatias de pão por leite e ovos e depois, adivinhe? Isso mesmo, fritá-las em azeite ou óleo bem quente e polvilhar com muito açúcar e canela. Veja como fazê-las.

Sugerimos ainda uma variante curiosa desta receita: rabanadas de bolo-rei.

No forno

Quase todas estas receitas de fritos de Natal podem ser adaptadas ao forno, uma forma de diminuir o seu índice calórico. No caso das rabanadas, basta pré-aquecer o forno a uma temperatura elevada e baixá-la quando colocar o pão. Assim que ficarem douradas polvilhe as fatias com açúcar e canela e vire-as até alourarem do outro lado.

Os sonhos também podem ser adaptados ao forno. Depois de fazer a massa coloque os sonhos num tabuleiro untado com manteiga e deixe assar cerca de 30 minutos, diminuindo a potência quando começarem a alourar.

Aplica-se o mesmo princípio às filhós, embora exista uma receita original de filhós de forno da Terceira, que vão ao forno dentro de formas semelhantes às das empadas, sendo posteriormente recheadas com um creme doce de limão.