Sem açúcar, não haveria ovos moles. A história deste doce tão famoso no nosso país é também a história da produção de açúcar em Portugal.

A cana de açúcar foi trazida para o nosso território pelos árabes no século VIII e depressa começámos a tentar plantá-la. No entanto, só após alguns séculos descobrimos o local ideal para o fazer: a ilha da Madeira. A partir daí a produção de açúcar tornou-se numa importante actividade económica. Dessa produção, uma parte ia directamente para a casa real que, por sua vez, distribuía outra parte como esmola por várias instituições e conventos. Um desses conventos era o Mosteiro de Jesus de Aveiro. E já está a ver onde é que esta história vai dar, certo?

A criação

Foi aqui, no mosteiro fundado por Brites Leitoa, dona de uma grande quinta com produção de cereais e ovos (que dava ao mosteiro), que terá nascido o doce de ovos. Com gemas de sobra, uma vez que as claras eram muito mais usadas no dia a dia, até para engomar a roupa, as freiras rapidamente chegaram à mistura mágica: ovos e açúcar. Mais tarde, os ovos moles foram colocados dentro de hóstias e aos poucos foram-se transformando nos doces que hoje conhecemos e adoramos, alguns com motivos marítimos, como búzios e conchas.

Famosos até hoje

A receita acabou por sair dos muros do convento – e ainda bem, porque acabaria por ser encerrado – e os ovos moles subsistem até hoje, seja dentro de hóstias ou de barricas de madeira. Apesar de poderem ser encontrados em todo o país, os ovos moles são mesmo típicos de Aveiro, cidade que, em 2009, até fundou a Confraria dos Ovos Moles de Aveiro, em cujos confrades de honra se encontram nomes como Bagão Félix, ex-ministro das Finanças, ou o actor Pêpê Rapazote.

Porém, os doces conventuais não se limitam apenas aos ovos moles, existe um mundo de doces deliciosos onde os ovos são reis, como o toucinho do céu, as barrigas de freira, os papos de anjo ou a encharcada.

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