O glúten descodificado

O glúten é uma proteína que se encontra em cereais como trigo, centeio, cevada, kamut ou espelta. É ele o responsável pela elasticidade característica da massa produzida com estas farinhas, uma qualidade descoberta pelos egípcios há cerca de 6 mil anos, quando se começou a fazer pão fermentado. Mas, além do pão, o glúten está presente em milhares de produtos que contêm estes cereais – do esparguete aos cereais de pequeno-almoço, passando por molhos, bolachas, gelados ou cerveja.

Os cerca de 10 mil celíacos referenciados em Portugal, segundo a Associação Portuguesa de Celíacos (APC), conhecem-nos bem, já que em cada ida ao supermercado têm de encarnar o papel de verdadeiros detectives, de lupa em riste, especialistas em descobrir o glúten oculto em cada rótulo. Tudo porque a única solução para quem sofre desta doença é excluir por completo, e para sempre, o glúten da dieta. A boa notícia é que também há cada vez mais produtos sem glúten no mercado e o Pingo Doce tem uma vasta gama disponível.

O que é a doença celíaca?

É uma doença que afecta o aparelho digestivo, mais precisamente o intestino delgado, fazendo com que este reaja na presença do glúten, inflamando e provocando sintomas como diarreia, gases ou inflamação abdominal, entre outros. Lesões no intestino e dificuldade progressiva em absorver os nutrientes dos alimentos são algumas das consequências mais graves da doença.

Sabe-se que a doença celíaca tem uma componente genética e que pode ser desencadeada por diversos factores ambientais. É comum aparecer logo após a introdução dos alimentos com glúten na alimentação, entre os seis e os 20 meses de idade. Mas, nos últimos anos, tem surgido em muitas pessoas com mais de 60 anos. A APC estima que existam cerca de 100 mil celíacos não diagnosticados em Portugal.

As soluções

O primeiro passo é excluir totalmente o glúten da dieta. Adaptabilidade e criatividade são por isso recursos essenciais que os celíacos têm de desenvolver. É cada vez maior a oferta de produtos sem glúten, o que facilita a tarefa, e estes podem ser consumidos por todos os membros da família sem problemas, facilitando muito a gestão das refeições em casa. Aprender a cozinhar, adaptar receitas e fazer pão ou bolos usando farinhas sem glúten é outra maneira de converter as limitações desta doença em oportunidades de aprendizagem e convívio.

Veja as nossas receitas sem glúten

Doença celíaca, alergia ao trigo ou sensibilidade não celíaca ao glúten? Descubra as diferenças

Na doença celíaca há uma condição genética autoimune que faz com que haja uma inflamação do intestino delgado na presença do glúten.

Na alergia ao trigo, o mecanismo é diferente: sempre que se come um alimento com trigo, o sistema imunitário reage a algumas proteínas do cereal (não forçosamente ao glúten), produzindo anticorpos, que podem dar origem a sintomas respiratórios, gastrointestinais ou de pele. Estes geralmente ocorrem imediatamente após o consumo e podem, nos casos mais extremos, levar à morte. Ao contrário da doença celíaca, as alergias podem desaparecer sem razão aparente a qualquer altura da vida.

Nos últimos anos têm aparecido cada vez mais casos de sensibilidade não celíaca ao glúten. Ainda não se compreende bem esta condição. Alguns estudos sugerem que, em algumas pessoas, o sistema imunitário reage gerando anticorpos na presença de glúten, mas também de outras proteínas do trigo, e ainda de outros cereais. Sintomas comuns são: fadiga mental, falta de energia, gases, inchaço abdominal, diarreia ou obstipação. Geralmente aparecem nas 48 horas a seguir ao consumo. A única solução, por enquanto, passa também por evitar estes alimentos.

Temos dezenas de receitas sem glúten que pode fazer caso tenha uma destas condições. Veja as nossas receitas sem glúten.