Chegam em Maio, vindas com os dias longos e quentes. As cerejas Pingo Doce tornam os seus dias mais saborosos. Estas cerejas têm uma cor vermelho-intenso, oscilando entre o encarnado e o quase negro, uma polpa rija e sumarenta, uma textura suave e um sabor adocicado. Não é de admirar que sejam tão apreciadas.

Nutritivas

Beleza à parte, a cereja é um fruto rico em antioxidantes, como as antocianinas e as quercetinas, podendo actuar como forma preventiva em alguns tipos de cancro e de doenças cardiovasculares. Contém ainda muitos fitoquímicos, que potenciam o efeito anti-envelhecimento.

Ouro vermelho da Beira

As cerejas terão chegado a Portugal pelas mãos dos romanos, que as descobriram no território que hoje conhecemos como Turquia, algumas décadas antes de Cristo. Foram levadas pelos primeiros colonos para a América do Norte, no século XVII. No entanto, há vestígios que indiciam o seu consumo na Idade da Pedra.

A cereja da Cova da Beira tem indicação Geográfica Protegida, uma classificação da União Europeia atribuída a produtos agrícolas tradicionais de uma região. Nesta zona de Portugal, entre Fundão, Covilhã e Belmonte, a cereja é um verdadeiro ex-libris com o nobre estatuto de “ouro vermelho”. Outra zona com produção importante de cereja é Resende.

Saco da Cova da Beira, Saco do Douro, Lisboeta e São Julião são as principais variedades nacionais de cereja. Também se cultivam variedades estrangeiras, como a Big Windsor, o Napoleão Pé Comprido e, mais recentemente, a Arcina ou a Sunburst.

Cerejeiras em flor

Este pequeno fruto vermelho começa a encantar quando ainda é uma flor. No Japão, a flor da cerejeira é muito popular e assistir ao desabrochar das flores, que começa em Janeiro e se prolonga até Março, é uma verdadeira atracção turística.

Entre nós, este fenómeno tão belo da natureza pode ser apreciado durante os meses de Fevereiro e Março, sobretudo em regiões como o Algarve e Trás-os-Montes, ou ainda um pouco mais tarde, na Cova da Beira. Já a colheita, embora oscile um pouco em função do clima, acontece a partir de Maio.

Ginjinha e outros licores

Um parente próximo da cereja doce é a ginja, ou cereja ácida, de que se faz o célebre licor, a ginginha. Outros países também fazem bebidas a partir da cereja: na Alemanha produz-se o Kirsch a partir do sumo fermentado de uma variedade de cereja negra, e na Croácia obtém-se o Maraschino da destilação da cereja Marasca.

Cerejas

Existem cerejas de polpa mole e polpa dura, em Portugal uma das variedades mais antigas e mais comercializadas é a Burlat, de polpa mais mole

Como escolher

As cerejas devem ser polpudas e ter a superfície lisa e brilhante. Dentro das vermelhas, as mais escuras, regra geral, são mais doces. Lave-as antes de consumir, removendo primeiro os pés, para as soltar de impurezas e, idealmente, deixe que regressem à temperatura ambiente para usufruir melhor dos sabores.

Como conservar

Conservadas no frigorífico, sem lavar ou tapar, aguentam cerca de uma semana. Conserve-as em local fresco para preservar toda a sua qualidade. Dado tratar-se de um fruto que surge quando as temperaturas estão mais elevadas, o ideal é mantê-las no frigorífico, num saco de plástico ou numa caixa, para evitar a desidratação.

Usos culinários

Doces e carnudas, comem-se facilmente às dúzias sem parar e, para os gulosos compulsivos, dificilmente há melhor: é que outras frutas vão-se em três dentadas, mas uma dose de cerejas faz-se de 10 ou mais pares. São perfeitas como snack, podendo ainda ser consumidas como sobremesa a seguir às refeições.

Além de licores há muitas outras iguarias que se podem confeccionar com cerejas, como saladas de fruta, compotas, tartes, trufas, e até um surpreendente risotto de frango e cereja.

Há quem faça doce ou geleia, xarope ou simplesmente congele para usar fora de época. Também são utilizadas em sumos, batidos e para aromatizar bebidas. Na Alemanha, é ainda um ingrediente essencial do conhecido bolo Floresta Negra, feito de chocolate e licor Kirsch e construído em camadas com chantili e cerejas.

Os pés deste fruto secos podem ser usados para fazer chá. Seque-os ao sol durante uma semana e guarde-os num frasco bem selado.

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