Há pratos com nomes e histórias curiosas. Decerto já se perguntou qual será a origem de alguns deles. Na impossibilidade de as reunir todas, trazemos-lhe 10 receitas com história. Ora leia.
Amêijoas à Bulhão Pato
O nome desta iguaria homenageia António Raimundo Bulhão Pato, um poeta romântico do século XIX com alma de gastrónomo e dotes culinários.
As amêijoas à Bulhão Pato foram baptizadas por um cozinheiro do restaurante Estrela D’Ouro, na Rua da Prata. Em jeito de agradecimento pelos elogios que António Bulhão Pato fazia à sua comida, o cozinheiro deu ao prato o nome deste ilustre cliente.
Bacalhau à Zé do Pipo
Maionese caseira, puré de batata, cebola, azeite, leite, pimento vermelho, louro e azeitonas são os ingredientes deste bacalhau gratinado no forno.
Foi José Valentim, mais conhecido por Zé do Pipo, um dos donos de uma casa de pasto no Porto com o mesmo nome, quem deu o nome a esta receita. Em 1960 o Bacalhau à Zé do Pipo popularizou-se, a nível nacional, depois de ter ganho o primeiro lugar num concurso chamado “A melhor refeição ao melhor preço”.
Bacalhau à Brás
Reza a lenda que este típico e emblemático prato da gastronomia portuguesa nasceu no Bairro Alto de Lisboa, pelas mãos de um taberneiro de seu nome Braz.
A popularidade desta receita de bacalhau desfiado, ovos mexidos e batata frita, atravessou a fronteira e conquistou o palato dos vizinhos espanhóis.
Depois da história, deixamos-lhe a receita de bacalhau à Brás.
Cabidela
O famoso arroz de cabidela é tradicionalmente feito com vísceras e miudezas de aves, sangue e vinagre.
Hoje em dia, a preparação da cabidela inclui todas as partes da ave, sendo mais frequente preparar este prato com galinha, apesar de poder ser preparado com outras aves como o pato. O sangue deve ser recolhido no momento do abate e deve ser misturado com vinagre, para que não coagule.
Veja a receita de arroz de Cabidela que preparámos para si.
Francesinha
Este ícone gastronómico do Porto foi criado em 1950 por Daniel David Silva, cozinheiro no restaurante da invicta “A Regaleira”. Ex-emigrante em França, inspirou-se numa das sanduíches quentes mais típicas daquele país, a Croque-Monsieur, feita com presunto e queijo e grelhada numa frigideira.
O famoso molho, em parte composto por várias bebidas alcoólicas, que varia consoante o cozinheiro, é o verdadeiro segredo da receita.
Sopa juliana
Esta sopa típica portuguesa não homenageia uma Juliana. Chama-se assim apenas porque os vegetais são cortados em juliana, isto é, em palitos finos. Couve lombarda, cebola, batata, cenoura, alho, azeite e sal são a riqueza desta sopa.
Da origem deste corte francês sabe-se apenas que foi mencionado pela primeira vez num livro do século XVIII: “Le Cuisiner Royal et Bourgeois”.
Polvo à Lagareiro
Neste prato o polvo nada num mar de azeite, acompanhado com batatas a murro. O nome deve-se precisamente à quantidade de azeite que leva, já que é no lagar que ele se produz.
Também o Bacalhau à Lagareiro deve o nome a esta prática, sendo possível que a utilização do polvo tenha sido uma variação desta receita.
Inspire-se na nossa receita de polvo à Lagareiro e prepare-o em sua casa.
Salada César
É compreensível pensar-se que é o imperador Júlio César quem esta receita evoca. No entanto, o César em questão é bem menos imperial. Trata-se de César Cardini, um emigrante italiano que, nos anos 20, abriu um hotel em Tijuana, no México.
No feriado americano de 4 de julho de 1924, o Ceasar’s Palace encheu-se de actores de Hollywood desejosos de celebrar com álcool, fugindo à Lei Seca dos EUA e a comida começou a faltar na despensa.
Cardini viu-se obrigado a improvisar e, para desviar a atenção da falta de ingredientes anunciou a preparação da receita em pleno palco. A receita: corações de alface, croutons com alho, anchovas, azeite, mostarda, molho inglês, queijo ralado e limão.
Misturou os ingredientes com grande cenografia, juntando ao molho gemas cruas de ovo. Foi um sucesso!
Salada russa
Na década de 1860, o chef francês Monsieur Oliver tomou as rédeas do famoso restaurante Hermitage, em Moscovo. Nessa altura, deu o nome de russa a uma salada de batata com ervilhas, cenoura e feijão-verde. Tudo cozido e cortado em cubos e pedacinhos, harmoniosamente ligados pela cremosa maionese. Consta que na base desta criação esteve uma lógica de aproveitamento de excedentes.
Em Portugal, há o hábito de lhe juntar atum e ovo cozido, e também de se servir na companhia de rissóis de polvo ou pastéis de peixe fritos.
Saiba como fazer salada russa, passo-a-passo.
Bacalhau à Gomes de Sá
Há várias versões da história desta receita e todas creditam José Luís Gomes de Sá pela sua criação. Este negociante de bacalhau do Porto gostava de cozinhar bolinhos de bacalhau para os amigos.
Um dia, farto de fazer os ditos, decidiu-se a inventar outro prato com os mesmos ingredientes. Foi quando o seu armazém ardeu, em 1914, que ele vendeu a receita ao cozinheiro do restaurante Lisbonense num manuscrito que alertava no final: “João: se alterar alguma coisa desta receita, já não fica capaz”. A partir daí o prato popularizou-se, sendo hoje presença assídua nas ementas portuguesas.
Saiba como fazer um bacalhau à Gomes de Sá.